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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Não quero


Preciso comer. O jantar está pronto.
Preciso me arrumar, preciso encarar.
O monstro está solto.
Preciso entender que fortes são os outros.
Não fogem do choro, vivem de esporro,
escravos da sorte do dono.
Preciso falar. Preciso gritar.
Preciso tirar o breu
do desgosto de mim,
fraco sou eu...
preciso dormir.
Me entregar aos braços de Morfeu
enquanto o sono me leva seu nome... continuo insone.
Preciso acordar. Preciso levantar.
Preciso deixar a cama onde você adormeceu.
Preciso voltar, arrumar a mala.
Sonhar em cada estação e cada parada
O que você me escreveu é quase nada.
Preciso chegar. Preciso encarar.
Ouvir as palavras que destroçam o meu ser.
Não tenho pressa, não quero chegar.
Não quero o sufoco de não poder te amar.

Preciso comer. O almoço está pronto.
Tentar vencer ou logo eu morro.


- 2011

domingo, 6 de outubro de 2013

[Você voltou e sua boca]



Você voltou
e sua boca tinha gosto de outros beijos. Seu abraço tinha cheiro de outros braços. Seus olhos tinham cor de erros crassos.

Seu amor não era mais que devaneio. Sua mão me negava o corpo inteiro. Sua voz me incitava o desejo

de mergulhar
nos seus sonhos e segredos
quem sabe de novo um apelo
aos seus braços me livrarem desses medos
mais espaço
para o velho desapego
praticado
por quem aceita seus beijos

com gosto de outras bocas
loucas por partirem cedo.

-2013