pt.1
Eu queria ser palavras. Eu sei que palavras são o que já foi, mas queria sê-las. Queria expressar, queria mostrar, queria ser arte. Queria ser palavras vomitadas em um papel branco inexpressivo tomado por alguma graça. Palavras desenhadas em uma péssima grafia, saídas da ponta de uma caneta preta que também rabisca. Eu queria ser passado porque já não temos mais tempo. Se eu virar presente, mal acontecerei. Preferia já ter acontecido.
pt.2
Eu queria ser palavras. Mas só as queria ser por achar que não tínhamos muito tempo. A verdade é que talvez não tivéssemos tempo nenhum. Não era hora. Não era momento. Talvez eu até tenha virado palavras (mesmo não tendo acontecido). Talvez eu volte a me torná-las. Eu não fui passado, pode ser que eu não seja presente. Mas eu posso ser futuro. Este ainda não está escrito – nem pela minha letra torta, nem pela sua pouca arte – e ainda demora a ser traçado. Temos uns 70 dias até começarmos a achar meios de moldá-lo. E não interessa passado. Não interessa palavras. Interessa que, se eu for futuro, terei a vida toda a frente de mim para ser algo mais que letras espalhadas por uma folha em branco. Poderei ser mais que sete ou trinta dias. Posso ser futuro. Posso ser eterna.
Eu queria ser palavras. Eu sei que palavras são o que já foi, mas queria sê-las. Queria expressar, queria mostrar, queria ser arte. Queria ser palavras vomitadas em um papel branco inexpressivo tomado por alguma graça. Palavras desenhadas em uma péssima grafia, saídas da ponta de uma caneta preta que também rabisca. Eu queria ser passado porque já não temos mais tempo. Se eu virar presente, mal acontecerei. Preferia já ter acontecido.
pt.2
Eu queria ser palavras. Mas só as queria ser por achar que não tínhamos muito tempo. A verdade é que talvez não tivéssemos tempo nenhum. Não era hora. Não era momento. Talvez eu até tenha virado palavras (mesmo não tendo acontecido). Talvez eu volte a me torná-las. Eu não fui passado, pode ser que eu não seja presente. Mas eu posso ser futuro. Este ainda não está escrito – nem pela minha letra torta, nem pela sua pouca arte – e ainda demora a ser traçado. Temos uns 70 dias até começarmos a achar meios de moldá-lo. E não interessa passado. Não interessa palavras. Interessa que, se eu for futuro, terei a vida toda a frente de mim para ser algo mais que letras espalhadas por uma folha em branco. Poderei ser mais que sete ou trinta dias. Posso ser futuro. Posso ser eterna.
- 2011