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sábado, 9 de novembro de 2013

O Barulho dos Dias


O que nos resta às 4:55 da manhã de uma sexta-feira passada em claro? Na verdade, já é sábado. As crianças já foram dormir. Os velhos ainda vão se levantar. A cidade está quieta. É quando o silêncio começa a se tornar ensurdecedor.

Gritos na rua. Vozes no corredor. A água que não para de passar pelos canos do meu banheiro. O cooler que luta bravamente contra o aquecimento do meu computador. Alguém arrastou um móvel no andar de cima. A geladeira despertou com um ruído de seu motor. Alguém riu. Um cachorro latiu. Uma gota pingou e sumiu pelo ralo da pia. O prédio parece estar se mexendo na cama pronto para se despertar para um novo dia. Não vai demorar muito e a porta do banheiro do vizinho vai ranger, assim como acontece sempre a essa hora da noite fria.

As paredes aqui são finas. Este prédio tem vida. Eu não estou sozinha ouvindo a orquestra dos dias executando sua longa sinfonia pelos blocos, andares, apartamentos e esquinas.

A música é infinita.
O barulho é só ironia.


- 2013