O
que nos resta às 4:55 da manhã de uma sexta-feira passada em claro? Na verdade,
já é sábado. As crianças já foram dormir. Os velhos ainda vão se levantar. A
cidade está quieta. É quando o silêncio começa a se tornar ensurdecedor.
Gritos na rua. Vozes no corredor. A água que não para de passar pelos canos do meu banheiro. O cooler que luta bravamente contra o aquecimento do meu computador. Alguém arrastou um móvel no andar de cima. A geladeira despertou com um ruído de seu motor. Alguém riu. Um cachorro latiu. Uma gota pingou e sumiu pelo ralo da pia. O prédio parece estar se mexendo na cama pronto para se despertar para um novo dia. Não vai demorar muito e a porta do banheiro do vizinho vai ranger, assim como acontece sempre a essa hora da noite fria.
As paredes aqui são finas. Este prédio tem vida. Eu não estou sozinha ouvindo a orquestra dos dias executando sua longa sinfonia pelos blocos, andares, apartamentos e esquinas.
A música é infinita.
O
barulho é só ironia.
- 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário