Páginas

sábado, 13 de julho de 2013

Silêncio, Ódio e Amor



Eu tinha o silêncio, o ódio e o amor. Foram as três coisas com as quais eu convivi esse ano todo. Pedissem-me para falar, eu me calava; não era a minha vez. Mas a vez de quem era foi passada, como sempre. Pedissem-me para deixar de me importar, eu mais ainda queria (matar). Tem gente que passa dos limites, não sabe parar. Mas que não me pedissem para esquecer. Não consigo quando não quero, tenha isso a ver com esperança ou não – que pouco tinha. Quando a urgência me veio, eu falei. O silêncio era meu, mas o meu amor sempre foi seu – e não acaba mais. E do ódio, desse eu me livro, se isso significa ter tudo o que eu tinha de volta. Essa sempre foi a parte menos significante de nós (que deveríamos ser) dois.

-2009

terça-feira, 9 de julho de 2013

Sabrina e Apolo, pt.5



Cap. 5 – O Sofrimento

     Talvez Sabrina não entendesse o porquê. Talvez ela não quisesse ver. Apolo partiu de repente, sem aviso, sem perdão, sem PENSAR. Sabrina chorou – como poderia não chorar? Ele, sem querer, ensinou a ela a beleza do mundo. Mostrou que, não importava onde, ela poderia ser feliz. A felicidade para ela era frágil, difícil. E ele, não importava quando fosse, fazia com que ela visse que era possível ser feliz. Se eles aprenderam tanto juntos, por que tinham que ficar separados? Talvez fosse orgulho, mas Sabrina não sabia. Talvez não quisesse saber. Quão incompreensível é isso? Mas não importava. Sabrina cometeu o terrível erro de não querer resolver. Ela só queria se afogar em sua dor. Talvez nem soubesse resolver, mas, verdade seja dita, não tentou. Ela só se afogou em sua dor. De repente, viu que perdeu sua preciosa parcela de felicidade. De repente, era meia. Era só mais uma tentando sobreviver de sofrimento.
     Era quase nula.

-2010

terça-feira, 2 de julho de 2013

Eu me revirei no lixo



Sua espontaneidade era arte quase sempre – mas sempre um problema. Ele acreditava no que via e no que ouvia invariavelmente, mas as coisas acontecem muito além disso. Não adianta supor que as pessoas não pensam e agir só de acordo com o que elas fazem. Elas fazem muito, e sem serem notadas.
O que ela deixava notar era a mentira de ser uma boa pessoa. Olha que sorriso alegre e contagiante! – e que mente nefasta e fedorenta. Ela está lá em ações para o animar e, em pensamentos, ri de quão bobo o faz. E, para tentar livrá-lo disso, só se deve meter-se com ela quem tiver a certeza de que sabe lidar com a imundície que é aquela vida.

Eu me revirei no lixo, mas saí limpa.

 -2009