Páginas

domingo, 30 de setembro de 2012

Sabrina e Apolo, pt.2


Cap. 2 – Apolo


     Apolo parecia inteligente demais à primeira vista. Dominava apenas alguns assuntos, mas sabia tudo sobre eles. Sabia tanto que podia formular teses sobre aquilo que ainda não tinha resposta – todos os assuntos do mundo têm algum mistério. E Apolo era curioso. Não suportava frases ditas pela metade. Tampouco suportava pessoas pela metade, mas, talvez sem saber, era uma delas. Ao procurar por quem fosse tão inteira quanto seu conhecimento, fugia de si mesmo. Talvez tivesse assuntos escondidos e esquecidos em sua alma que nunca houvesse conseguido resolver. Isso fazia dele um meio-homem, feito de meias-verdades e meia-sabedoria. Seu conhecimento é completo, mas sua sabedoria, não. Tinha estado já a muitos lugares, mas pouco tinha aprendido. Eram só aqueles conhecimentos e só. As pessoas ocupavam metade de sua visão, tinham brilho em apenas metade do corpo, e ele queria saber mais. Queria uma mulher que enchesse seus olhos e brilhasse por inteira. Conheceu Sabrina. Ela tinha aquela estranha convicção de viver procurando pela arte. Para ele, a arte estava em qualquer e todo lugar. Por que ainda procurar? Ela um dia disse que olharia diretamente para a mais linda obra de arte deste universo. E, apertando os olhos, como míope que era, olhou para ele.

- 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário